Pessoas que somas em design de aprendizagem

ilustração de um homem com cabelo escuro, com barba simbolizando o professor Vinicius que participou do projeto

Vinicius Ferreira - Instrutor

Este projeto para mim foi umas das experiências mais marcantes que tive no ano de 2019/2020. O motivo pelo qual ele se tornou marcante foi a nova perspectiva do mundo em que vivemos. O projeto desde o começo nos forçou a sair da zona de conforto para confrontar a realidade sensorial dos alunos e garantir uma experiência niveladas para todos. A busca por novos métodos de ensino foi inevitável, e era renovada a cada novo dia de aula.

Falando assim pode parecer que todas as aulas foram perfeitas, mas a verdade é que houveram decepções e algumas barreiras foram difíceis de se quebrar. Porém, por mais decepcionados ou cansados, os alunos tinham um sorriso constante e uma força de vontade persistente, isso mostrava que já eram calejados quando se tratava de decepção ou encontrar barreiras difíceis.

Acho que essa é a marca do projeto, uma marca de persistência, paciência e luta sem perder o sorriso no rosto, essa habilidade adquirida pelos alunos deram uma aula aos professores. E eu particularmente notei que a deficiência física ou cognitiva é o menor dos problemas comparado a falta de acessibilidade, deficiência acadêmica e social.

ilustração de um homem com cabelo escuro, sem barba simbolizando o monitor Mauricio que participou do projeto

Mauricio Fagner - Ninja (monitor)

Participar do projeto e entrar a fundo na questão do Design Universal me tirou completamente da inércia de como eu encarava a relação da Sociedade x PCDs (Pessoas com Deficiências). Em primeiro lugar, percebi qual a verdadeira fonte de dificuldade para essas pessoas: as barreiras que estão na sociedade, da qual impõe medidas que a pessoa que deve se ajustar ao padrão de normalidade.

Portanto, é a sociedade que deve se adequar às pessoas com deficiência, focando nas habilidades e nas capacidades que elas possuem e aceitando suas diferenças individuais. Pude compreender que as deficiências só se tornam notáveis e incapacitante entre os impedimentos e barreiras, mas que são eliminadas quando se cria um ambiente acessível e adequado para essas pessoas, principalmente que esteja livre de estereótipos, preconceitos e comportamentos discriminatórios.

ilustração de um mulher com cabelo claro, solto simbolizando a professora Diandraque participou do projeto

Diandra Andrade - Instrutora

A experiência em ministrar uma aula com uma turma com diferentes deficiências foi um aprendizado. Uma das primeiras coisas que fica claro é o quanto é necessário você entender e aprender sobre os alunos que estão ali. Cada turma é diferente, cada um tem a sua história e seu método de aprendizado, e tem uma bagagem de experiências escolares.

O modelo educacional que temos hoje é ultrapassado e quando há um aluno PCD em sala, é tratado de forma especial, é de certa forma silenciado, o que o faz adquirir uma postura de não perguntar, não acreditar em seu potencial e nos piores cenários até largar o estudo.

Este foi o cenário que tivemos, não era só ensinar programação, códigos e como funciona a tecnologia que temos hoje, era também ter a empatia em entender eles e demonstrar toda a sua capacidade. Este trabalho não é fácil, porque vivemos em uma bolha e quebrar esse paradigma inconsciente deve ser estimulado a todo momento.

Buscamos novos conteúdos, tivemos erros e acertos, algumas barreiras mas no fim conseguimos uma turma de alunos focada, que passava 8 horas dentro de sala, com dificuldades mas a cada dia melhorando e sempre com alegria.. Eles conseguiram realizar o curso, entregar um projeto de uma plataforma e perceber que a deficiência deles não é o maior obstáculo para aprender algo novo. Este aprendizado é a principal entrega deste projeto. A deficiência está na educação, no comportamento da pessoas e na segregação que existe hoje na nossa sociedade.

ilustração de uma mulher com cabelo escuro, preso e cacheado, simbolizando uma aluna que participou do projeto

Ana Clara Schneider - Parceria Sondery

A Sondery tem uma missão muito clara de fazer com que produtos, serviços, projetos e conteúdos sejam o mais acessível quanto possível, e de tal forma que esse processo seja inclusivo desde a sua concepção até o seu encerramento. Isso é um reflexo do nosso DNA, que é baseado em dois pilares: “Nada sobre nós, sem nós” (lema do Movimentos pelos Direitos das Pessoas com Deficiência).

E levando o conceito de Design Universal (visando projetar algo para o maior número de pessoas possível) com foco na representatividade. A jornada com a turma deste projeto foi uma grande concretização desse objetivo. Um desafio novo, que nos fez refletir e buscar conhecimento sobre um campo que ainda não havíamos explorado até então: uma sala de aula. De um curso de programação ainda por cima.

Foi uma experiência única e muito rica desde a primeira reunião até a cerimônia de formatura dos alunos. Foi emocionante ver a mudança que um curso pode ter na vida das pessoas que frequentaram e conseguiram ir até o fim. Se no primeiro dia de aula o sentimento que pairava no ar era insegurança e curiosidade entre alunos encabulados, no último o clima era muito mais próximo e divertido entre colegas orgulhosos de um trabalho em equipe. Mas a curiosidade ainda estava lá, e esperamos que continue sempre, tanto nos alunos como em nós mesmos, Sondery e Mastertech/SOMAS, para que possamos seguir nessa busca por tornar toda e qualquer experiência mais acessível e mais inclusiva, juntos.